Olá! Me chamo Luciana Nascimento tenho 25 anos e, já para ambientar pois haverá ligações nas histórias, sou namorada do Jonathan da Silverado do PC#338. Quero agradecer muito a todos os votos no meu Project Car, é um Fusca 1970 com preparação leve, é meu primeiro carro, está me dando muitas alegrias depois de desconfiar dele!
No mês de maio de 2015 escutei um “você tem que tirar a carteira” ser “independente”, pois , como 99% das mulheres eu dependia do meu namorado para tudo “ai ai ai pensei, minha nossa, dirigir !?” eu nunca tinha pego em uma chave de um carro e muito menos sentado em um banco atras de um volante.
Pensei por vários e vários dias faço ou não faço? Tinha medo, não de ser independente mas sim de não conseguir passar e ficar com aquela imagem de “mulher é maneta e não sabe dirigir”… Mas decidi, que, esta imagem não seria a minha!
Então em um domingo meu namorado Jonatan (dono da Silverado do Project Car #338), me fez um convite para irmos até o campus da cidade para que inciasse na vida automobilistica, nem que fosse para não chegar tão virjona na autoescola hehe. E então lá fui aprender em uma super fiorino 94 1.0 guerreira da empresa do sogrão ! Pensei “se ela aguenta o trabalho duro na empresa então aguenta meu aprendizado”. Mão tremula na ignição minha nossa!
Ele me ensinou a ligar o carro e tudo mais, já me sentia uma piloto de corridas profissional, só que não, eu suava tipo bicho, e não conseguia compreender como era a maldita sequência e quando trocar as marchas, em certo momento quis desistir mas pensava não posso perder para uma máquina e ser chamada de maneta ! Então andei que nem tartaruga , sai do lugar, dei umas voltas com muita dificuldade e ele ali confiando 100% em mim mas… com a mão no “freio de mão”….(Confiar…sei…).
Começei a me sentir mais confortável, não era tão dificil, mas de repente ele disse “PARE! Não podemos andar mais esquentou o motor!” disse ele, e eu “Ah! Agora que tava ficando bom”. Após alguns dias fui me inscrever na auto escola, tudo era novo, não tive contato com carros, também nem interesse, mas foi um tempo legal, participei de todas as aulas, tive um ótimo aproveitamento, uma coisa que não gostei foi daquele simulador, é totalmente fora de realidade. Desta parte a única coisa que foi triste, realmente triste foi deixar de comprar roupas e sapatos e dar tanto dinheiro por uma habilitação!
Então o dia chegou, começaram as aulas práticas e eu escolhi um instrutor que era meu conhecido (por sorte) me ensinar os macetes para virar uma “motorista”, pensem em alguém pacêncioso, eu só apagava o carro, uma acelerada e uma apagada era assim as aulas inciais, pobre palio, depois de um tempo era uma acelerada e uma patinada (Evolução caros amigos!)… Sinto pena até hoje do que fiz com ele no começo!
E, como de praxe, toda vez que eu chegava nas aulas eu começava suar que nem porco antes do abate. Ficava nervosa e pensava em desistir sempre, mas aí relembrava que seria chamada de manetona, no fim apenas saía do banco do carro dava pra torcer a camisa em pleno inverno.
E se aproximando da prova meu namorado me fala ”você vai fazer a carteira e não tem carro?” Eu só pensava na prova, não em modelos, cores etc. então ele me comentou sobre a “ideia genial” de ter um Fusca, e eu “o que? Tu tá maluco? um fusca? Seria o fim da minha vida social, imagina eu em um Fusca! Nem fodendo, capaz”, dentre outras frases do tipo “é um Fusca!”, “É feio! E é coisa de pobre!” Pois bem acho que não adiantou muito, ele insistia na ideia do Fusca… Que cara chato!
Reforçando eu não me imaginava dirigindo um carro antigo muito menos um Fusca. Achava feio sem graça e era o último carro que eu teria, então decididamente falei: “vamos achar um 147, eu quero um 147! Ele é tão bonitinho!”
Mas o insistente namorado com a ajuda do sogro, sogra, cunhados, vizinhos, cachorro, hamster e todos os seres vivos me falavam a mesma coisa “compre 10 Fuscas e não compre um 147”. Começaram a me convencer, vagarosamente, então fomos a uma cidade perto ver um 147, chegando lá… estava um caco, desanimei total com o modelo, mas ainda não estava convencida com o Fusca.
Então chegou o dia, a prova! Meu namorado e apoiador me falou na noite anterior “bom, eu não vou te ver nem hoje nem amanhã, vai fazer tua prova e me ligue depois para contar que passou”, com este grande apoio e incentivo que recebi fui direto para a prova, incrivelmente tudo correu bem e passei! Foi um dos dias mais felizes da minha vida, fiz algo por contra própria com meu dinheiro e consegui passar de primeira! Várias outras mulheres da minha turma que eram “motoristonas!” não passaram e eu a patinadora consegui! No fim eu pensei enquanto voltava para casa de a pé que toda esta história de carteira e carro próprio foi apenas para que eu não pegasse a silverado do bonito! Mas acho que foi bom!!!
Voltando ao projeto Fusca, meio a contra-gosto eu ia vendo fotos e procurando na internet algum Fusquinha bonito na internet. Porém os que minimamente chamavam minha atenção ficavam fora do orçamento, que não era lá estas coisas também. Procurei, procurei e procurei mas nada, nadinha de um Fusca bonito, legal, simpático e barato!
Numa bela manhã de sábado meu namorado falou “vamos no ferro-velho ver algumas peças” — baita programa para fazer com a namorada. Saímos e chegando no ferro-velho vi montanhas de peças e carros (um pouco triste ver essas coisas), conversa vai, conversa vem, meu namorado perguntou sobre Fuscas baratos, e o dono do ferro-velho comentou que um amigo ali perto teria um e queria R$ 1.650 mais R$ 154 dos documentos.
Endereço na mão fomos ver o tal “Fusca de R$ 1.650”. Chegando lá conhecemos o dono. Que pessoa querida! Um senhor mecânico que por sua vez estava com uma doença e não podia mais dirigir o Fusca. Antes que pudessemos ver o carro, ele disse que estava com a a caixa ruim e eu com uma cara de tacho nem imaginava o que era caixa; pensava em caixas de madeira, papelão, isopor.
Mas hoje eu sei, méritos do Fusquinha. quando meus olhos bateram nele o amor nasceu. Um Fusca branco (embaixo do marrom da sujeira, claro). Eu não queria branco pois suja muito, mas olhei para ele, senti como se ele tivesse vida e dissesse: “Me tire daqui pelo amor de Deus!”. Mas pensei “eita coisa feia esse Fusca”, estava ali parado havia mais de um ano, no tempo, embaixo de uma parreira, estava mofado, com ferrugem no capô e em várias outras partes. Abri a porta olhei os bancos que ao menos estavam inteirinhos. Abri a tampa do motor e adivinhem só: “coquinhos roídos “.
Isso mesmo tinha ratos morando no Fusca. Por outro lado, meu namorado bateu a chave e ele ligou na hora — acho que ele realmente queria ir embora dali. O dono por sua vez me contou que tinha vindo do Mato Grosso do Sul até nossa cidade. É chão não é?
Dinheiro para lá, documento para cá apertei a mão e entrei no carro e saimos felizes fazendo fumaça, barulho, enroscando marcha e sem freio! Foram muitas risadas de alegria misturada com a tristeza de ter comprado um Fusca. Mas depois pensei que não gastaria muito para arrumá-lo e, além disso, paguei barato. Afinal o Fusquinha não estava tão mau
No mesmo dia fomos dar uma volta enlouquecidos, mas eu não queria dirigir pois não sabia muito bem ainda e a caixa estava ruim. Por um acaso do destino havia um encontro na praça, era em um sábado solidário (campanha de agasalho organizado pelo Fusca clube da cidade), e tinha tantos fFuscas lindos todos limpos e brilhando e o meu… estava do jeito que eu peguei ele de baixo do pé de uva!
Avistamos um conhecido estacionamos longe para que não o vissem, e eu contei pra ele que havia comprado um Fusca 70. Ele elogiou e convidou para ficar por ali no evento. Mesmo com o carro sujão as pessoas olharam para ele, vieram me cumprimentar, e perguntavam dele. Eu sabia pouco a respeito, disse que tinha comprado uns minutos atrás e que iria reformar. Ganhei meus primeiros adesivos, fui abraçada pela comunidade fusqueira, pessoal super gente fina!
No outro dia lavei ele junto com minha sogra ficou… menos ruim digamos mas ainda estava feia a coisa!
Aguardem que em breve enviarei o segundo post contando o resto da saga do Fusquinha 70! Abraços da Luciana!
Por Luciana Nascimento, Project Cars #360