Salve galera! Meu nome é Danilo Gamarros, 30 anos, e sou formado em manutenção de aeronaves pela Universidade Tuiuti do Paraná. Tenho um carinho especial por motores boxer e trabalho como fotógrafo. Então se tudo correr como esperado teremos bons debates sobre mecânica regados a belas imagens (com exceção deste post onde a maioria das fotos foi feita com celular).
O SP2
O VW SP2 foi o primeiro carro inteiramente desenvolvido e fabricado no Brasil, começou a ser projetado em 1970 sob o pseudônimo de Projeto X e sua produção ocorreu entre 1972 e 1976 e foi encerrada com 10.205 unidades. Um esportivo de dois lugares, com motor de 1.679 cm³ de dupla carburação e ventilação “deitada” que produzia 75 cv e levava 13 segundos para alcançar os 100 km/h.
O meu SP2
Meu carro é um SP2 1975, que está na família desde 1999 graças ao sonho do meu pai em ter um exemplar. Ele tinha uma Caravan quatro-cilindros dos anos 1970 (não lembro exatamente o ano) e um conhecido dele tinha esse SP2, mas precisava de um carro maior para poder levar a sogra à igreja, pois a senhorinha não conseguia entrar no baixíssimo esportivo. Acabaram trocando as chaves e o Volkswagen mudou-se para a nossa garagem.
No começo todos lá em casa torceram o nariz para aquele carrinho branco feito apenas para duas pessoas, mas com o tempo eu fui pegando simpatia pelo carro, principalmente por que nessa época eu já sabia dirigir e dava minhas voltinhas pelo bairro.
Em 2002 meu pai comprou outro carro e me deu o SP2, daí em diante aconteceram varias histórias que não vou me estender contando aqui se não eu me empolgo e vai faltar espaço mas tentarei lembrar delas durante os outros posts.
No ano seguinte me bateu a loucura e resolvi reformar o carro, cheguei em casa um dia, desmontei o carro inteiro e fui dirigindo ele todo depenado até a oficina que faria o serviço. Eu disse “faria” por que ele enrolou por uns quatro meses, até que eu percebi que quem estava mexendo no carro era eu — lixei, arranquei massa com talhadeira e troquei o assoalho.
Essa foi minha primeira decepção com o meu branquelo. Injuriado, acabei levando o carro para um galpão da família que estava fechado, e lá continuei meu trabalho de formiguinha lixando e arrancando massa na base do martelo e talhadeira até que veio a segunda decepção: arrombaram o barracão e roubaram o motor.
Neste ponto da história vale um adendo: na época minha mãe e minha irmã chegaram a mandar uma carta para o Lata Velha do Caldeirão do Huck e, como vocês podem deduzir, graças a Deus não fui selecionado. Em 2005 por indicação de um amigo, levei o carro para um funileiro que estava fazendo um Gol e um Fusca do dono de uma oficina bem conhecida de Curitiba. Veio então minha terceira decepção, o cidadão pôs o carro em cima de um guincho e mandou entregar na minha casa com frete a cobrar e desapareceu, me deixando um prejuízo de uns R$2.500 entre guinchos e adiantamento que fiz pra ele.
Tomado pelo desânimo com o carro e recém-saído de um acidente de moto que me rendeu uma artroscopia e um joelho que de vez em quando incomoda, o carro acabou largado por mais de dois anos embaixo de uma lona no jardim, até que em 2008 um senhor tocou a campainha e perguntou se eu não queria vender. Acertado o preço, foi-se o pobre SP2.
Dois anos mais tarde, em 2010, aquele homem volta a me procurar, para me oferecer o carro de volta pelo mesmo valor que eu vendera a ele, porém já com a lataria já consertada, freios e suspensão novos e algumas peças do motor. Lá fomos eu e meu pai buscar o dito cujo. Meu pai acabou comprando o outro SP2 (1973) do cara, que estava em fase final de restauração.
Depois disso, o carro ficou oito meses na oficina de um conhecido aguardando um orçamento que nunca foi feito, e voltou para a garagem da minha casa.
No fim de 2013, finalmente foi dado mais um passo na restauração: ele foi inteiro jateado com granalha de aço, e recebeu uma pintura base pra evitar a ferrugem até o próximo passo da restauração. E eis que o que eu esperava era verdade, um trabalho de funilaria extremamente mal feito, soldas grotescas, ferrugem, amassados cobertos de massa dentre outros.
Mas desta vez não desanimei. Minha ideia era deixar ele o mais original o possível e dar uma apimentada de leve no motor. Mas de uns tempos pra cá o diabinho gearhead andou brigando com o anjinho do bom senso e me inspirou a transformar o pacato SP2 em um pestinha para uso diário com aspirações a brincar no AIC. No próximo post vou detalhar a ideia do projeto.
That’s all folks!
Por Danilo Gamarros, Project Cars #93