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História

Volvo 850 Touring Car: a perua de corrida mais famosa da história (ou o tijolo mais veloz do mundo)

O o Volvo 850 tem a mesma fama de seguro, robusto e inquebrável de seu antecessor, o icônico 240. E 2014 marca os 20 anos de um grande feito deste carro: sua entrada no BTCC, o campeonato britânico de turismo, onde fez muito sucesso e reacendeu a chama do automobilismo para a marca sueca, que permanece até hoje. Esta é sua breve história, que junta um pouco de acaso, boatos e felizes coincidências.

O Volvo 850 foi lançado em 1992 como modelo 1993, e seu visual quadrado já podia ser considerado antiquado para a época. Só que os Volvo envelhecem de forma diferente dos outros carros e, nos anos 90, ninguém esperava uma revolução vinda dos suecos. Sendo assim, a forma de caixote agradou em cheio aos fãs da marca, e hoje já pode ser considerado um clássico com direito a versões esportivas cultuadas — como a T5-R, com quase 250 cv em seu cinco-em-linha de 2,3 litros turbinado e tração integral.

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O 850 foi lançado, como de praxe pela Volvo, em versões sedã e perua. Esta última é a mais lembrada, e por uma boa razão: foi o carro que fez a Volvo voltar ao automobilismo.

Foi no fim de abril de 1994 que duas peruas com pintura azul e branca entraram no autódromo de Thruxton, no sul da Inglaterra, para o início da temporada do British Touring Car Championship (BTCC). A Volvo havia decidido usar uma perua na competição meses antes da estreia, porém o plano foi mantido em segredo até o último instante — o que fez com que boa parte do público e da imprensa achassem que se tratava de uma piada.

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Só que os suecos não brincam em serviço — usar o 850 uma tentativa séria de atrair a atenção da mídia para sua volta ao automobilismo e demonstrar, segundo a própria marca, que era possível combinar diversão e praticidade no dia-a-dia. Deu certo — e, pensando bem, não tinha como dar errado: que melhor maneira de fazer isso do que usando carros de corrida?

A decisão foi tomada pelo então vide-presidente da Volvo, Martin Rybeck. Para ele, o BTCC era a oportunidade perfeita de colocar a Volvo de volta nas pistas depois de quase 10 anos (a última participação em uma corrida havia sido em 1986). O carro escolhido foi o recém lançado Volvo 850.

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A responsabilidade de provar que o 850 poderia ser competitivo, foi dada à Steffanson Automotive (SAM), especialista na preparação dos carros da Volvo havia anos. A escolha da perua, segundo consta a lenda, foi obra do acaso: dizem que quando chegou a hora de pegar uma carroceria de 850 para usar na mula de testes do carro de corrida, apenas carrocerias de perua estavam disponíveis. Em vez de esperar um sedã (que era a ideia inicial), eles só disseram “bom, que seja” e ficaram com uma.

Depois, quando conseguiram uma carroceria de sedã, a SAM pode testar as duas versões em seu túnel de vento. A história que corre é que os resultados da perua foram melhores, o que teria sido o que faltava para que o projeto seguisse com a perua.

O ingresso da Volvo no BTCC foi anunciado oficialmente no fim de 1993, e dois carros — um sedã e uma perua, para não estragar a surpresa — foram expostos no Salão da Suécia em janeiro de 1994. Dois meses depois, em Genebra, a surpresa geral — uma perua de corrida seria a aposta da Volvo.

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O projeto final ficou a cargo de Richard Owen da Tom Walkinshaw Racing — famosa por vencer as 24 Horas de Le Mans de 1988 com o Jaguar XJR-9. A base mecânica foi o motor turbo de cinco cilindros — mas, em vez de um 2.3 turbo, o carro de corrida tinha um 2.0 aspirado (exigências do regulamento da classe 2) de 290 cv e câmbio sequencial de seis marchas — mais compacto, o que permitiu que o motor fosse posicionado atrás do eixo dianteiro e em posição mais baixa, melhorando a estabilidade do carro.

Os pilotos que estrearam as perias foram Rickard Rydell e Jan Lammers. Rickard conta que os competidores não gostavam muito de ter que competir com uma perua. “O Volvo 850 era de longe o maior carro da categoria. Alguns pilotos nos provocaram, mas sem problemas — para melhorar o humor deles, em uma das corridas  nós pilotamos com um enorme cachorro de pelúcia no porta-malas durante a volta de apresentação!”

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Foram 21 etapas de competição — e, no fim da temporada, a Volvo conseguiu apenas a 14ª colocação geral. O motor do carro era potente, sim, porém o formato de tijolo não ajudava. A aerodinâmica não era boa como diz a lenda, e a distribuição de peso deixava a traseira mais pesada, o que prejudicava bastante o desempenho do carro nas curvas.

Na temporada seguinte, a Volvo decidiu usar os sedãs — e, aí sim, obtendo bons resultados: Rickard Rydell e Tim Harvey se classificaram, juntos, 12 vezes para a pole position e venceram seis corridas. Naquele ano, a Volvo ficou em terceiro no campeonato de construtores. Depois de bons resultados em 1995 e 1996, a Volvo trocou o 850 pelo S40 no ano seguinte, no qual Rydell ficou em quarto lugar no fim da temporada — antes de ficar com o título em 1998.

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A missão do Volvo 850 Estate, porém, fora cumprida: o público simplesmente adorou vê-lo correndo, e a imagem da Volvo  realmente melhorou depois daquela temporada. “Nosso melhor resultado foi um quinto lugarem Oulton Park”, conta Rydell. “Mas as colunas escreveram mais sobre nós do que sobre qualquer outra equipe!”