Pessoal, tudo bem? A última vez que eu havia me sentado para escrever sobre meu Voyage Sport foi em maio de 2015, mês em que foi publicado o post derradeiro do meu Project Cars, o #207. Para quem não lembra, não leu, ou quer reler, seguem os links: Post#1, Post#2, Post#3 (final). Para minha surpresa, lá se foram mais de dois anos. O tempo é mesmo inexorável…
Pois bem, se houve post final, o que faço aqui escrevendo estas linhas? Bem, como escrevi quando da publicação dos posts anteriores, estes abordariam o estado até onde o projeto havia avançado naquele momento, que era a conclusão da montagem do motor e algumas modificações no câmbio.
Os próximos passos, que naquela época ainda estavam no campo das ideias, só vieram a ser executados posteriormente ao post#3, e é sobre eles que comentarei neste post de atualização e, de fato, finalização do projeto.
Este texto, além de relatar o que foi modificado no carro desde maio de 2015, mostra a tão esperada chegada do Voyage à cidade onde moro atualmente, distante 1300km de onde meu pai tem a oficina e onde o carro estava até então, desde que foi adquirido, em 2009.
Após as quebras da homocinética do lado do câmbio e de uma engrenagem do diferencial, relatadas no post#3, ocorreu uma nova quebra nas férias de abril de 2016. Durante uma acelerada mais animada, ao passar para terceira a cerca de 8.000 rpm, ouvi um forte barulho e tirei o pé. Parei o carro, preocupado. O medo inicial era de ter tido uma quebra de motor.
Abri o capô e o bloco estava íntegro. Para tristeza dos pessimistas, as bielas haviam se comportado e estavam todas no lugar. Entrei no carro e dei partida. Com o câmbio em neutro, tudo certo. O motor funcionava normalmente, o que amenizou minha preocupação. Ao engatar e andar, vinha um forte barulho no câmbio. Era certo que algo havia quebrado.
Chamei a plataforma e retornei com o carro para a oficina do meu pai. No outro dia tiramos a tampa do câmbio e identificamos o problema: não havia sobrado um único dente da terceira no lugar. As fotos mostram como o câmbio ficou:
Dada a quebra do câmbio original, comprei um conjunto de primeira a terceira forjados, com a primeira de relação bem mais longa que a primeira original, para tentar melhorar a tração durante as arrancadas.
Os passeios de Voyage durante as férias, porém, foram cancelados. As peças do câmbio só foram entregues depois do meu retorno à Macaé.
Com o apoio sempre fundamental do meu pai o câmbio foi montado e, em um final de semana prolongado que tive a oportunidade de viajar à Maringá, pude testá-lo.
A relação ficou bem melhor, mas o barulho do câmbio é absurdo, ao menos para mim, que não sou acostumado a andar com esses câmbios forjados. Por maior que seja o barulho do escapamento, ele é superado pelo ruído emitido pela primeira marcha (que faz até mais barulho do que andar de ré, mesmo que as engrenagens sejam helicoidais). Segunda e terceira também fazem barulho, mas é suportável.
Com a mecânica já bem avançada, decidi, por ter conhecido uma empresa bem competente e que me apresentou uma proposta economicamente viável, fazer o trabalho de funilaria e pintura do carro. O processo se iniciou em meados de 2016, e foi feito na Sato da Av. Brasil, em Maringá.
Em função da distância física não havia como eu acompanhar o processo de perto. Mas, graças à tecnologia atual e a grande contribuição do amigo Id (amigo de longa data do meu pai e grande entusiasta), que tem uma loja em frente a onde o serviço estava sendo feito, fui sendo atualizado constantemente sobre o andamento do trabalho.
No segundo semestre de 2016, durante alguns dias de férias, voltei à Maringá. Desta vez, porém, não pude curtir o Voyage. O serviço de funilaria e pintura ainda estava em curso. O cuidado com a qualidade do serviço era coerente com prazo de execução, o que valeu as férias sem poder andar com o carro.
Já no Natal de 2016, durante outra curta visita à minha cidade natal, pude pegar o carro na funilaria. O serviço de fato havia ficado muito bom. O carro ficou literalmente liso, com exceção de um defeito pré-existente no capô, que carecia de troca da peça, o que preferi não fazer.
No início de 2017 notei no meu prédio algo que me interessou: uma garagem sempre vazia. Minha esposa fez contato com a dona da garagem, que se dispôs a emprestá-la para nós. Não houve dúvida: com garagem disponível, o Voyage poderia, enfim, mudar para Macaé.
Havia, porém, um último ponto a ser tratado: o chicote da injeção estava espalhado por todo o cofre do motor, com vários relês soltos, além de vários detalhes que precisavam de uma melhoria, ao mínimo, estéticas.
Assim, entreguei o carro para o Rômulo (), que se encarregou de refazer todo o chicote da injeção e organizar a bagunça que reinava no cofre do motor, além de outros ajustes mecânicos. Após a entrega, foi feito um último polimento.
O carro foi embarcado na plataforma no dia 23/07/2017, após o almoço. Acredito que vocês devam imaginar que, na noite do dia 23, mal consegui dormir. Haviam grandes motivos para a ansiedade: a chegada do carro em si e da oportunidade de poder utilizá-lo em Macaé, e ver ao vivo como havia ficado o cofre do motor.
Cerca de 17:30 do dia 24/07 a plataforma estacionava na frente do prédio. O Voyage, enfim, chegava à Macaé, após cerca de oito anos da compra. O vídeo abaixo mostra a primeira pisada do Voyage em terras Macaenses. Meu filho, de quatro meses, acompanhou de perto. Do ponto de vista de quem vibra com os motores de combustão interna, é uma pena pensar que a geração dele andará somente em carros elétricos. Bem, ao que depender de mim, ele poderá andar de Voyage.
Após a alegre chegada, fiquei usando o carro durante uma semana. Como todo carro preparado e recém montado, aparecem alguns problemas. O primeiro foi a necessidade de regular a embreagem. Até aí, coisa fácil.
No primeiro final de semana combinei às 06:30 da manhã com os amigos que conheciam o Voyage apenas das histórias e fotos de conhecê-lo pessoalmente. Primeira decepção: às 06:00 da manhã, ao sair com o carro, notei que o óleo do câmbio havia vazado, tamanho o barulho e também a mancha de óleo no assoalho inferior do carro.
Ao longo da semana, com ajuda dos amigos que também gostam de carros preparados (obrigado Bork!) identifiquei que o vazamento ocorria, inicialmente, do tampão da quinta.
Em boa parte da semana trabalhei no carro (troca do tampão da quinta, identificação de um parafuso do câmbio espanado, por onde também vazava óleo, desmontagem de todo painel para troca do cabo do velocímetro…) e, após cerca de 50% de indisponibilidade desde a chegada, o carro pode finalmente sair da garagem.
Depois de alguma frustração com estes problemas que tive que resolver nos primeiros dias, ignorando um pouco minha mente crítica que espera que tudo funcione muito bem, pude curtir a experiência crua e visceral que um carro deste proporciona. Cada vibração do motor sendo transmitida integralmente para a cabine, as respostas instantâneas às aberturas das borboletas, a forma como o giro sobe rápido, é de abrir o sorriso (não só meu, como dos amigos que gostam de carros e agora puderam conhecer o Voyage)!
Agora, além da alegria de vê-lo diariamente na garagem, tenho a oportunidade de, eventualmente, dar uma volta e me divertir com o carro, que é a representação de um sonho da adolescência que hoje está ali, na garagem, me chamando para uma volta sempre que passo por ele!
Por fim, registro novamente o agradecimento ao meu pai, grande inspiração para o projeto e que tanto ajudou ao longo destes anos. Minha mãe, por sempre apoiar e dar aquele empurrãozinho para meu pai aprontar o Voyage quando era necessário, e minha esposa, que sempre acompanhou de perto e me incentivou com o projeto.
Por Aluízio Drugovich, Project Cars #207