Desde 2010, fãs de Mad Max de todos os cantos dos EUA se reúnem em um deserto na Califórnia e, por quatro dias, vivem no mundo distópico onde se passa a trilogia. Mas você não precisa ser um fã, nem mesmo ter assistido, para entender o apelo do Wasteland Weekend. É só ver os carros deles!
O evento, que começou com 400 pessoas e a atenção da imprensa local, hoje conta com o triplo disto e é conhecido mundialmente — a ponto de atrair gente de outros países. A edição 2014 aconteceu entre os dias 25 e 28 de setembro e foi a maior de todas.
O evento tem o formato de um festival de música: diversas bandas se apresentam ao longo dos quatro dias (normalmente bandas independentes, algumas locais) para uma plateia de fãs de Mad Max, 100% deles caracterizados como rebeldes depois de um apocalipse provocado pelo próprio homem, que tentam sobreviver em um mundo radicalmente diferente, onde a gasolina é tão escassa quanto a lei e a ordem— mas ainda conseguem encontrar um tempinho para curtir.
E muitos deles são entusiastas de carros como você e eu, e isto é fácil de entender: o V8 Interceptor, viatura do patrulheiro Max Rockatansky, é um elemento importantíssimo da história (leia tudo sobre ele aqui!) e um ícone entre os gearheads. Mas não é só ele: todos os veículos do filme, que foram modificados e adaptados para as condições hostis do deserto australiano no fim do mundo, são muito legais, e inspiram os participantes do Wasteland Weekend a personalizar e modificar seus próprios veículos.
Por mais que a gente curta esportivos e supercarros, preparação de pista e modificações estéticas de bom gosto, creio que todo mundo tenha uma queda por carros rústicos e brutais, preparados para enfrentar qualquer coisa — veículos militares, jipes, utilitários e, claro, automóveis modificados com o único objetivo de se tornarem veículos de combate ou fortalezas sobre rodas.
O efeito colateral é o visual pós-apocalípitico com um quê de Twisted Metal dos carros de quase todo mundo que vai para o Wasteland Weekend. E eles não são usados só para ir até o evento e voltar para casa: quem vai ao WLW leva a interpretação a sério, e isto inclui dirigir em bando a toda velocidade pelo deserto por centenas de quilômetros, às vezes representando cenas do filme, ou somente se divertindo ao volante, sem compromisso.
Os níveis de ousadia na customização variam: há os carros e picapes com suspensão levantada e alguns temas estéticos pós-apocalípticos, e há carros que parecem ter saído das telonas, além das inevitáveis réplicas do Interceptor.
Os cosplays (ou você acha que isto é só coisa de fã de anime?) também costumam ser absurdamente fiéis e muito caprichados. E eles são essenciais: o regulamento diz que você não precisa ter um carro modificado ou um acampamento temático para entrar, mas a fantasia é obrigatória . E nada de jeans e camiseta com alguns acessórios: você só entra se puder convencer que é um rebelde em um mundo em ruínas com fortes tendências cyberpunk — conceito da ficção científica que retrata um modo de vida com alta tecnologia, porém péssimas condições de vida.
Os vídeos que ilustram este post vão te fazer entender melhor do que qualquer coisa que dissermos. A impressão que se tem é que é uma daquelas feiras renascentistas muito comuns nos EUA, mas trocando a Renascença pelo mundo de Mad Max.
Além dos passeios de carro e dos shows, há várias outras coisas para se fazer: há artistas performáticos por toda a parte, lojas de suvenires, jogos (que tal prender alguem “procurado” e ganhar uma grana por isso?) — e tem gente que até se casa! E, bem, só entra quem for maior de 18 anos, então dá para deduzir o que mais rola lá dentro.
O Wasteland Weekend é como uma pequena cidade que surge todos os anos e por quatro dias nos arredores de San Diego, com comércio, acampamentos e, claro, hotéis — porque nem todo mundo aguenta viver o tempo todo como se o mundo como o conhecemos tivesse acabado, não é?
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